
“Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7). Talvez essa tenha sido a resposta dada pelo vereador Valcenor de Carvalho (PSC) àqueles que lhe tenham acusado de traidor por ter oficializado sua adesão ao grupo do prefeito Fernando Pessoa (SD), fato divulgado ontem (03). Valcenor talvez não tenha tomado a devida atitude por completa convicção, mas por conveniência, embutido juto na negociação alguns possíveis privilégios para si e para a família. O certo, é que ele não é um atoa, tem tudo pra ser mais um garoto de rodoviária, ativo e esperto para apanhar a oportunidade no tempo certo, e assim o fez.
Receoso de um rompimento inicial, assim como fez os vereadores Renan Bílio (PSB) e Zé de Ourin (PSB), Carvalho usou de uma antiga estratégia de quem mostra-se indeciso, ficar em cima do muro durante esse tempo e esperar pouco a pouco a poeira baixar. Durante esse interim da administração municipal, ele andou jurando amor ao seu ex-grupo e flertando dia e noite com o grupo do prefeito, deixando claro que na primeira oportunidade, aquela que lhe viesse a gerar vantagens extras, iria de mala e cuia.
Com a perda dos vereadores Renan Bílio e Zé de Ourin, Fernando Pessoa tinha que encontrar a primeira peça de reposição, sendo Valcenor o mais propício, pois já tinha se mostrado simpático as ideias do novo gestor. Dessa forma não houve dificuldades, uma boa conversa com largas promessas selou a estada do edil nos quadros do Grupo Cobra, aquele que ele tanto debochou, mas passado é passado, quem não erra atire a primeira pedra, lembrem-se. Valcenor está chegando mais prestigiado do que Renan e Zé de Ourin, que infantilmente não foram valorizados pelo prefeito, que na verdade trocou dois por um, e agora está sob pressão de ter de dar o melhor tratamento possível ao recém chegado, honrando, com rapidez, todos os compromissos possíveis, afastando de vez a iminência dos erros que cometeu com os dois últimos.
Com o passe valorizando, a ser pago com largas vantagens, Valcenor terá que lê na cartilha do prefeito e de seu grupo, mostrando-se ativo e combativo, inicialmente para não gerar nenhuma desconfiança, mas mostrando-se fiel, já que seus passos serão vigiados diuturnamente. Seu desembarque não é só felicidade, há quem não esteja lhe desejando boas vindas, entre elas pode está o vereador Geová Soares, seu antigo desafeto político. Os dois há anos que se ‘digladiam’ no povoado Ipu-Iru pela maior fatia do eleitorado, trocando farpas e acusações. No momento pode haver uma trégua, um pacto periódico para que nenhum infrinja os interesses do outro, mas pode não ser tão duradouro, e o motivo que poderá fazer a corda arrebentar de vez serão os ciúmes.
Em suma, podemos desclassificar a atitude do vereador Valcenor e chamá-lo de traidor? Se ele usou desse expediente para favorecer o povo, claro que não, já que o próprio povo deve estar em primeiro lugar. Agora, se seu intuto, como é comum no meio político, foi o de atender seus benefícios pessoas e familiares, ele agiu de má fé e está traindo quem o elegeu, que terá toda a chance de cobrar a fatura na próxima eleição.